25.2.11

MAIS VARIEDADES

Lembro-me que quando cheguei na Áustria no final da década de 80 precisei de algum tempo para realmente entender o humor austríaco (me surpreendo com a velocidade do tempo e décadas que me separam de alguns eventos importantes da minha vida). Mas o que queria dizer é que o humor é um dos últimos obstáculos a ser superado para nos sentirmos realmente integrados a uma nova cultura. O humor dos franceses, muitas vezes me surpreende pela falta de delicadeza. Não que eu considere o humor dos brasileiros mais delicado que o dos franceses, brasileiros metidos a engraçados quando querem se mostrar simpáticos não são exceções nem maioria eles existem em um número muito maior do que voce pode imaginar, mas de alguma forma o humor francês as vezes beira a um elefante dentro de uma loja de porcelanas. Falta tato? Não sei. Mas em alguns casos ainda é um obstáculo.

Quarta passada assisti a Orquestra de Paris sob a direção do maestro espanhol Josep Pons na Salle Pleyel. No programa Béla Bartok e Ravel. De Bartok o pianista Boris Berezowsky acompanhou a orquestra no Concerto n. 2 para piano. Perfeito numa peça difícil de ser tocada. Depois do intervalo Shéhérazade do Ravel foi “interpretada” por uma mezzo soprano francesa. Mulher esquisitíssima, com uma postura de corpo estranha e com a voz ainda muito pouco madura. Como a imagem me constrangia, resolvi acompanhar a letra enquanto ela cantava. E a coisa despencou. Porque os textos que acompanham essas três canções são bem fraquinhos e tolos. Não faça jamais o mesmo. A não ser que as canções sejam de Richard Strauss, com ele, além da dramaticidade musical rica você vai encontrar qualidade na poesia. Cada vez mais reconheço a qualidade musical incomparável desse sujeito.

O piso da Salle Pleyel fotografado através do "buraco" do restaurante da sala. Antes da restauração da sala no lugar do restaurante funcionava uma academia de ginástica. Hoje o teatro é impecável, a arquitetura e a decoração foram totalmente recuperadas.


A coisa está preta na África do Norte (será que ainda posso usar esse trocadilho?) Um dos meus amigos na universidade é argelino e estava lá há quinze dias. Meu medo de que islamitas radicais possam reverter à situação a favor deles é compartilhada por muita gente. Mas que vivemos um momento interessante da história, isso não podemos negar. E ver a imagem do Gaddafi num mini carrinho sob um guarda chuva aberto fazendo ameaças foi como ver um filme do Didi mocó. Toda esses ditadores pré históricos e mais Berlusconi e Chaves são figuras que me constrangem quando os vejo. São caricatos e cafonas, parecem saídos de algum clip dos anos 80 ou de uma festa em algum castelo ou ilha de caras. O problema é que eles fazem um mal danado. Se fossem apenas bregas e vivessem suas vidas tudo bem, mas eles matam, roubam e alimentam a ignorância e a pobreza dos povos que eles oprimem. Nada mais previsível que um fim trágico para eles. Não tenho pena. A pátria livre ou a morte.

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