Fui no final da tarde ver um filme espanhol chamado “Tambien la lluvia”, da diretora Iciar Bollain. O filme tem como protagonistas Gael Garcia e Luis Tosar e conta a história de um diretor e de seu produtor (os dois atores respectivamente) que vão para Bolívia filmar a chegada dos espanhóis naquela terra há quinhentos anos. Um melange de Missões (lembra?) com Robert De Niro (que tem cenas inesquecíveis) e Babel. Quase bem feito, mas guarda um ranço de filme de esquerda engajada fazendo discursos onde de um lado estão os homens bons e do outro os ruins, os explorados e os exploradores, onde contexto histórico é ignorado porque o que conta é a intenção. E para contribuir no final o roteirista (o britânico Paul Laverty) esqueceu de que ele não havia contado para a gente onde o mocinho estava e ele aparece do nada para agradecer a ajuda dada pelo vilão. Não adianta, a história por mais fictícia que seja tem que ser crível e não pode nos levar a pensar coisas do tipo, “mas como ele sabia que o sujeito estaria ali naquela hora?” Então fui obrigado a fazer a pergunta “o que é isso companheiro, além de totalmente bom e justo e cheio de ideais você também é vidente?” E o filme acabou. Não saí totalmente insatisfeito, mas poderia ter sido melhor.
Fui com Collete, uma amiga jornalista americana que estuda comigo e em seguida nos juntamos a mais dois amigos num restaurante popular bon marche avec une bonne cuisine lá no quartier Nation. Nesse bairro testemunha de milhares de cabeças que rolaram no decorrer da revolução francesa, hoje pode-se comer muito bem. Mesmo com a mesa reservada tivemos que esperar uns vinte minutos por ela. Na segunda garrafa de vinho o assunto desceu a ladeira e empacou em relacionamentos. Ah mas eu adoro falar sobre isso e posso passar a noite fazendo análises profundas. O sonho do grande amor redentor que virá para eliminar todas as nossas infelicidades está presente em 99,9% das pessoas que conheço, o 0,1% que ficou de fora fica por conta dos que se esforçam para me fazer acreditar que não estão nem aí para isso. Lógico que esses 99,9% fazem um discurso super-consciente de que sabem que não é assim, que a coisa é mais complexa, mas no fundo, o que eles esperam é encontrar alguém que os tire da lama onde se sentem atolados. Eu me incluo nesses 99,9% de sonhadores. E não venha me dizer o contrário, que eu não estou a fim de acreditar.
Falando nisso, vi um dia desses um programa que falava de um site de relacionamentos que está fazendo sucesso há algum tempo aqui na França. O site é dirigido para o público rural solitário. Explico. Gente do campo, que por algum motivo está só, envelheceu solteiro/a ou enviuvou, que é trabalhador rural ou mesmo proprietário de pequenas fazendas e que não consegue encontrar um/a parceiro/a que queira dividir não só a cama mas também os afazeres do campo. Interessante. Não apenas os perfis, mas os tipos que aceitaram se expor e falar sobre seus desejos e insatisfações. Infelizmente eu não sei tirar leite de vaca nem tosar ovelha, mas posso afirmar que me senti tentado. Profiter (aproveitar-se de algo) é um dos verbos mais usados aqui nessa terra, o problema é que dentro da lista de solitários a gente não encontra o proprietário de um chateau com um belo vinhedo na Borgonha, a maioria dos solitários continua aqui em Paris contando bateau mouche no rio sena.
Paris tem características próprias no quesito solitários a procura de. Todo mundo procura, todo mundo se acha, mas todo mundo continua procurando mesmo assim.
Fui com Collete, uma amiga jornalista americana que estuda comigo e em seguida nos juntamos a mais dois amigos num restaurante popular bon marche avec une bonne cuisine lá no quartier Nation. Nesse bairro testemunha de milhares de cabeças que rolaram no decorrer da revolução francesa, hoje pode-se comer muito bem. Mesmo com a mesa reservada tivemos que esperar uns vinte minutos por ela. Na segunda garrafa de vinho o assunto desceu a ladeira e empacou em relacionamentos. Ah mas eu adoro falar sobre isso e posso passar a noite fazendo análises profundas. O sonho do grande amor redentor que virá para eliminar todas as nossas infelicidades está presente em 99,9% das pessoas que conheço, o 0,1% que ficou de fora fica por conta dos que se esforçam para me fazer acreditar que não estão nem aí para isso. Lógico que esses 99,9% fazem um discurso super-consciente de que sabem que não é assim, que a coisa é mais complexa, mas no fundo, o que eles esperam é encontrar alguém que os tire da lama onde se sentem atolados. Eu me incluo nesses 99,9% de sonhadores. E não venha me dizer o contrário, que eu não estou a fim de acreditar.
Falando nisso, vi um dia desses um programa que falava de um site de relacionamentos que está fazendo sucesso há algum tempo aqui na França. O site é dirigido para o público rural solitário. Explico. Gente do campo, que por algum motivo está só, envelheceu solteiro/a ou enviuvou, que é trabalhador rural ou mesmo proprietário de pequenas fazendas e que não consegue encontrar um/a parceiro/a que queira dividir não só a cama mas também os afazeres do campo. Interessante. Não apenas os perfis, mas os tipos que aceitaram se expor e falar sobre seus desejos e insatisfações. Infelizmente eu não sei tirar leite de vaca nem tosar ovelha, mas posso afirmar que me senti tentado. Profiter (aproveitar-se de algo) é um dos verbos mais usados aqui nessa terra, o problema é que dentro da lista de solitários a gente não encontra o proprietário de um chateau com um belo vinhedo na Borgonha, a maioria dos solitários continua aqui em Paris contando bateau mouche no rio sena.
Paris tem características próprias no quesito solitários a procura de. Todo mundo procura, todo mundo se acha, mas todo mundo continua procurando mesmo assim.
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