O entendimento do significado das palavras pode variar de pessoa para pessoa. Na maioria das vezes não é assim, mas quando o que o outro entende é muito diferente do que lhe dissemos, o sentimento de frustração é imensurável. Não vou particularizar, nem dar nomes aos bois, mesmo porque os bois não iriam entender. Escrever sobre esse tema é uma forma de me sentir aliviado, de me livrar da incompreensão. Na maioria das vezes a incompreensão vem porque os interlocutores estão presos aos formatos das expressões usadas e de como elas são ditas. Quando voltei a morar no Brasil em 2000, prestava muita atenção no que me diziam. Talvez porque por mais de uma década havia me acostumado a prestar muita atenção no que me diziam em uma língua que não era a minha. Me prendia ao real significado das palavras para poder me comunicar com os outros e me fazer entender. Então percebi que compreendia o significado das palavras que meus interlocutores queriam me dizer, mas não realmente o que eles estavam querendo me dizer. Há muitas nuances que navegam junto dos significados das palavras. Quem se apega apenas as formas ou em como elas são ditas não conseguirá compreendê-las. O problema se agrava quando falamos com pessoas que julgamos serem capazes de compreender não apenas o real significado do que estamos lhes dizendo, mas também a grande quantidade de significados que as palavras contém dentro delas, isto é, do que estamos querendo lhes transmitir, e elas não nos compreendem. Porque a palavra pode ter muitos significados, e quando a utilizamos lhe emprestamos nossas intenções. O perigo se dá quando as intenções não são claras. Nós as compreendemos pelo que significam, mas não compreendemos as pretensões embutidas nelas.
Quando não souber o que dizer, opte em não dizer nada.