Eu continuo não gostando do que vejo refletido no espelho. Talvez, com o tempo me transforme num homem da caverna, mesmo que limpinho e de banho tomado. É preciso ter fé, não é verdade? Serei esmagado pela força invisível? (vestida com grifes, borrifadas com essências adocicadas, dirigindo carrões, segurando suas taças e provando licores exóticos) O que há entre nós e o céu, além dos helicópteros estilizados que voam sobre nossas cabeças? Só Deus sabe, ou somos nós que gostamos de acreditar que ele sabe? Fazer parte não é o meu forte. Faço parte, desde que no grupo daqueles que não gostam de fazer parte. Fazer escolhas é pisar sobre tapetes escorregadios, mãããããs, como diria a escritora gaúcha, é sobre eles que eu me sinto mais confortável.
Para acompanhar o ritmo do post acima, abaixo um trecho do poema de Wallace Stevens chamado “O Homem do Violão Azul”. Na orelha do livro de poemas que depois de muito tempo esquecido entre outros na minha estante, pincei e reli, o tradutor, Paulo Henriques Brito escreveu: “ Constatando a falência da religiosidade tradicional no mundo moderno, Stevens vê no artista o criador de mitos apropriados ao nosso mundo, e na arte a única forma de transcendência possível em nosso tempo.” O poeta em questão era avesso a rodas de literatura, era vice presidente de uma companhia de seguros.
Eu lia uma Revista magra, e disse:
“Essas degustações nos templos
Opõem o passado ao festival,
O que está além da catedral, lá fora,
Equilibra a canção nupcial.
Até e até e até o ponto imóvel,
Dizer que uma máscara parece,
Dizer que outra máscara parece,
Que é estranha a máscara, ainda que igual”.
As formas estão erradas, e os sons falsos.
Os sinos são touros a urrar.
Mas nunca franciscano foi tão ele-
Mesmo quanto nesse espelho fecundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário