12.2.09

CRÍVEL E INCRÍVEL

Ganhei de presente impresso numa única folha um dos contos dos irmãos Grimm. O título traduzido em português é “A jovem sem mãos”. Conheço alguns contos deles, mas este em especial me impressionou muito. A idéia da pessoa que me presenteou era me fazer refletir a respeito da história para depois conversarmos. O grau de crueldade deste conto é perturbador, e lógico, como em todos os seus contos, esse também tem moral da história. Abandono, sangue, amor, traição, destino, redenção, tudo isso bem conciso, frente e verso numa única página. Passei o conto para uma amiga que por sua vez leu para sua filha de quase dez anos. A reação dela foi muito parecida com a minha: medo, choro e perguntas. Comovente como uma história contada com uma narrativa simples tem o poder de atingir qualquer pessoa indiferente de idade. Já estou refletindo.

Assisti agora a noite o filme “O leitor”. Saí do filme pensando sobre os “truques” usados pelos roteiristas para costurar as histórias. Quando assistia o “Foi apenas um sonho”, na hora em que os dois casais estão no bar/club dançando e ouvindo jazz, achei pouco crível quando os casais se separaram porque o filho de um dos pares está doente e a mulher de um é acompanhada pelo marido da outra e não de seu próprio marido até a sua casa. Tudo bem que é preciso um gancho para se consumar a traição, mas não desse jeito. Por que o marido da outra, se o próprio estava presente? Ele poderia tê-la acompanhado, não havia nada que o impedisse. Agora no “O leitor” também logo no início a situação toda me parece pouco provável. Principalmente se considerarmos que a história se passa no fim da década de cinqüenta. Que o rapaz venha agradecer a ajuda recebida eu consigo aceitar, mas daí a descomplicada consumação do ato da maneira como ele acontece, eu acho pouco crível. Não li o livro, mas aposto que o autor descreveu melhor essa passagem. Tirando essa partezinha e as duas mulheres que não paravam de comentar o filme duas filas atrás da minha, valeu a pena. Kate Winslet, quem diria, cada vez melhor. Pontinho negativo: nas entrelinhas pode-se “ouvir” o moralismo americano. Um exemplo: quando num determinado trecho do filme ele diz que ela lhe fez mal. Como assim? Que mal? Ela lhe ensinou a amar, o sofrimento viria de qualquer jeito, teria sido inevitável, independente de qualquer circunstância. Por que? Pelo fato dela ser mais velha? Que bobagem!

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