Nasci no início da década de sessenta. Cresci acreditando no que me diziam. Tanto fazia se na escola, em casa, ou nas histórias que meus amigos me contavam. Depois que comecei a ler jornal, acreditava também que os jornalistas fossem profissionais sérios, que narravam os fatos compromissados em nos contar a verdade. No meio da década de oitenta comecei a duvidar e não parei mais. Agora no fim da primeira década do século vinte e um, já não acredito em mais nada. Não há verdades que resistam a dois ou três dias. O que se fala hoje pode ser desmentido amanhã. O sentimento de descrença faz um mal danado a sociedade. Corrói e desumaniza. Cria um mundo apenas de opiniões relativas, originadas pelos interesses diversos de quem as emite.
Saí da sessão do filme “Milk” pensando sobre isso. Um montão de coisas passou pela minha cabeça. O Sean Penn é um fenômeno como ator. Um camaleão que a cada filme muda de cor, gestos, jeito de falar, e convence o espectador. No “Milk” seus movimentos são reduzidos, têm a medida certa, e tudo que ele diz e faz se tornam críveis. O filme me emociona não somente por seu trabalho artesanal de composição do personagem, mas sobretudo porque expõe o que deixamos de ser como indivíduos e sociedade organizada. Falo sobre ética, ideais, crença em movimentos sociais a partir dos sonhos dos indivíduos e suas diferenças. Enfim, estou cansado agora para me aprofundar, mas o filme é ótimo e o Sean Penn merece todos os prêmios possíveis por seu desempenho. Tenho a impressão de que Harvey Milk não sobreviveria o desprezo da atual sociedade. As muitas verdades relativas o matariam ainda no berçário.
Não gosto muito da palavra tolerância quando usada para traduzir convivência entre diversos. Tolerar é quase o mesmo que suportar. Se aprendo a reconhecer o outro como diferente, não preciso de tolerância nenhuma, reconheço e respeito.
Um senhorzinho de bermudas veio puxar conversa na porta do cinema. Perguntei se o vermelho dos seus lábios eram marcas de batom. Ele se assustou. Depois limpou a boca e disse que tinha acabado de comer um doce de morango. Não sei o que queria de mim. Desapareceu assim como surgiu na minha frente.
Saí da sessão do filme “Milk” pensando sobre isso. Um montão de coisas passou pela minha cabeça. O Sean Penn é um fenômeno como ator. Um camaleão que a cada filme muda de cor, gestos, jeito de falar, e convence o espectador. No “Milk” seus movimentos são reduzidos, têm a medida certa, e tudo que ele diz e faz se tornam críveis. O filme me emociona não somente por seu trabalho artesanal de composição do personagem, mas sobretudo porque expõe o que deixamos de ser como indivíduos e sociedade organizada. Falo sobre ética, ideais, crença em movimentos sociais a partir dos sonhos dos indivíduos e suas diferenças. Enfim, estou cansado agora para me aprofundar, mas o filme é ótimo e o Sean Penn merece todos os prêmios possíveis por seu desempenho. Tenho a impressão de que Harvey Milk não sobreviveria o desprezo da atual sociedade. As muitas verdades relativas o matariam ainda no berçário.
Não gosto muito da palavra tolerância quando usada para traduzir convivência entre diversos. Tolerar é quase o mesmo que suportar. Se aprendo a reconhecer o outro como diferente, não preciso de tolerância nenhuma, reconheço e respeito.
Um senhorzinho de bermudas veio puxar conversa na porta do cinema. Perguntei se o vermelho dos seus lábios eram marcas de batom. Ele se assustou. Depois limpou a boca e disse que tinha acabado de comer um doce de morango. Não sei o que queria de mim. Desapareceu assim como surgiu na minha frente.
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