5.2.09

A INTRUSA

Eu não sei explicar o que ocorre comigo quase todos os dias no finalzinho da tarde. O crepúsculo visto da janela do meu apartamento passa quase despercebido de tão rápido que ele vem e vai, mas ele me visita e faz questão de me deixar perceber que me visitou. Eu sei. Porque sinto. Quase que com hora marcada. Trás consigo uma brisa de melancolia que entra pelas minhas narinas e circula invasiva pelos meus pulmões e correntes sanguíneas com a maior cara de pau. Só para marcar presença. Como se com isso quisesse me chamar atenção para a sua existência. As vezes eu digo a mim mesmo: “tudo bem, deixe estar, ele também tem seus direitos”, mas em outros dias eu gostaria que ele tivesse mais respeito comigo. Me perguntasse se eu gostaria de receber a visita dessa sua querida amiga e velha companheira. “Não” eu diria, “não quero que ela interfira em meus pensamentos sem ser convidada”. Preferiria que em alguns fins de tarde, ele viesse desacompanhado. Só para um drinque rápido, e seguisse o seu inevitável caminho.

Nenhum comentário: