Manhãs quentes. Tardes tórridas. Noites de insônia. Mexo e remexo na cama e o sono não vem. Quando vem, trás sonhos em prestações. Começa um, eu acordo, me viro, um outro que parece continuação daquele que eu interrompi recomeça e eles se misturam. Acordo de novo, me levanto, vou até a cozinha. A geladeira está trabalhando, mas faz um barulho esquisito. A luz no interior dela funciona, mas ela não está gelando. Que saco! Fazer o que? Salvar o que dá para salvar, esperar o dia amanhecer e ligar para o técnico. Antes de voltar a dormir, rezar para que seja apenas um probleminha. Não estou a fim de comprar uma nova. Além disso, não posso. Tenho outras prioridades, como por exemplo ampliar minha estante, porque os livros começam a ficar empilhados nos cantos e mesas da casa. O técnico vem. O nome dele: Kiss. Imaginei um cara mascarado, com cabelos compridos e língua de fora, mas o Kiss que veio é do tipo certinho, cabelo curtinho, barba bem aparada, silencioso. Cinco minutos de suspense, então o Kiss troca uma pecinha e tudo começa a funcionar novamente. Alívio. O Kiss merecia muitos kisses, mas está muito quente para este tipo de demonstração de gratidão.
Nas pausas desses dias ardentes estou terminando de ler os contos da K. Mansfield. Gosto dessas mulheres contistas. Inglesinhas moderninhas da primeira metade do século passado. Evidente que em alguns contos a gente tem que retornar àquela época para poder absorver e história, mas agora com a geladeira funcionando de novo, farei alguns drinques super gelados para me acompanhar.
Antes das pausas. Trabalho. Muito trabalho chato, mas que não posso deixar de fazer porque senão morro de fome. O preço da autonomia. Não querer depender de ninguém, não ser empregado de ninguém e dispor do tempo como bem me convém. Dias em que não posso me dedicar a literatura porque tenho que garantir o leite dessa criança gulosa e cheia de obrigações que sou. Penso bastante sobre isso, mas não vejo alternativas realistas. Posso sonhar de olhos abertos. Não custa nada e faz o dia parecer um pouco mais leve.
Nas pausas desses dias ardentes estou terminando de ler os contos da K. Mansfield. Gosto dessas mulheres contistas. Inglesinhas moderninhas da primeira metade do século passado. Evidente que em alguns contos a gente tem que retornar àquela época para poder absorver e história, mas agora com a geladeira funcionando de novo, farei alguns drinques super gelados para me acompanhar.
Antes das pausas. Trabalho. Muito trabalho chato, mas que não posso deixar de fazer porque senão morro de fome. O preço da autonomia. Não querer depender de ninguém, não ser empregado de ninguém e dispor do tempo como bem me convém. Dias em que não posso me dedicar a literatura porque tenho que garantir o leite dessa criança gulosa e cheia de obrigações que sou. Penso bastante sobre isso, mas não vejo alternativas realistas. Posso sonhar de olhos abertos. Não custa nada e faz o dia parecer um pouco mais leve.
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