“A verdade, eu quero a verdade, não me importo se ela é agradável ou desagradável, mas quero ouvir a verdade” eu disse e no segundo seguinte eu já estava me perguntando sobre qual verdade eu estava falando. Porque depois de tanto tempo argumentando comigo mesmo sobre o que seria real e o que seria imaginação, as possibilidades se tornaram múltiplas e quase infinitas e meu alarme interno disparou a tocar. Eu sabia, quando pedi que me dissesse a verdade, que meu interlocutor poderia me dizer qualquer coisa. É por isso que pedimos a verdade, porque internamente algo nos diz que estamos pisando em terreno minado. Teria que ecoar dentro mim sua resposta para concluir sozinho se o que ele me dizia confirmaria meus temores. Não sei se acontece com todo mundo, mas em momentos como esse tomo consciência da enorme responsabilidade que devo ter comigo mesmo. Não tem outro jeito, eu sozinho terei que decidir se a resposta é verdadeira ou não, se vou me convencer ou não. Posso discutir as inúmeras hipóteses com amigos, especular variantes, mas terei que decidir sozinho se quero acreditar na pessoa ou não. E dessa resposta vai depender nosso futuro, o meu e o da pessoa, e a decepção pode nos separar para sempre. Já reparou como verdades podem ser construídas? Tanto para satisfazer a pessoa que está esperando uma resposta como para proteger quem está respondendo. A verdade pode por muito tempo ser aquilo que conseguimos ou queremos ver. De fato a verdade está o tempo todo sendo dita nas entrelinhas, numa palavra ou outra que escapa ao controle do consciente, no sentimento de desconforto ou inadequação que a gente percebe e nega dizendo que o tempo vai dar conta e ajustar as coisas. Verdade não é ajustável, é o que é, o tempo só faz desvendá-la.
Um comentário:
Tô em casa e também quero verdades.
Bjus.
Postar um comentário