4.1.05
FRUTA DA PAIXÃO.
Brasil. Ano 1789. Do alto de uma colina,
Dom Francisco observa saudoso o oceano atlântico.
Entre picadas de insetos e o calor insuportável,
dezenas de imagens passeiam livres em sua cabeça.
Araras azuis, bichos preguiça, lambaris,
jaguatiricas e uma em especial: a da jovem índia nua,
portadora de um olhar ao mesmo tempo malicioso e inocente.
Visão tentadora, por ele, antes nunca experimentada.
Nem mesmo quando pousou seus olhos pela primeira vez
sobre uma tela de nu artístico.
Um ruído, vindo da mata, assusta Dom Francisco.
Ouvira falar sobre índios canibais naquela região.
Rapidamente recolhe seus pertences: chapéu, rifle,
cesta de mantimentos, o inseparável bloco
de anotações e o dicionário de bolso.
Novamente o ruído, agora muito próximo,
seguido de outro ainda mais forte.
Dom Francisco sente o arrepio atravessar-lhe as costas.
Gira nos calcanhares a procura do perigo, e quando levanta
os olhos para a copa de uma árvore, o encontra.
Nem onça, nem canibais, nem cobras gigantes.
Apenas um pequeno macaco. Um mico ainda mais
assustado do que o próprio Dom Francisco.
Morador ancestral daquela colina, ele se defende como pode.
Protesta contra a presença do intruso atirando-lhe o que
encontra pela frente: pitanga, jambo, banana, maracujá…
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