O livro “tenho algo a te dizer” de Hanif Kureishi é bom de ler, o texto é veloz e o conteúdo contemporâneo, tem passagens muito ricas em informação e humor, mas em outras ele é prolixo demais. Escrevo “prolixo demais” porque acho que as vezes você até pode se estender sobre algum tema ou detalhar uma situação, mas deve saber ou perceber quando está se estendendo além da conta. Ele tem a capacidade necessária para incluir num só romance muitos assuntos, e esse é um dos pontos fortes do livro. Gosto de como ele vai construindo a narrativa, rápido, porém sem atropelar, desenhando o universo dos personagens de acordo com suas falas e situações e provocando a curiosidade do leitor. Kureishi para quem não sabe é autor do roteiro do filme “Minha adorável lavanderia”.
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Conheço muita gente interessante que depois de pouco tempo passa a ser desinteressante, porque não consegue parar de falar de si mesma e cai no buraco sem fundo do hedonismo barato. Uma marca do tempo em que vivemos. Temos uma oferta gigante de informação, mas as pessoas não fazem uso delas. Sabem tudo, fazem tudo, estão em todos os lugares, mas não absorvem nenhum conteúdo do que dizem saber ou fazer e dos lugares onde estão. A fissura para pertencer e se sentir incluído é tão grande que elas não conseguem reter nada dentro de suas cabecinhas. Então, falar de si é o que sobra.
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Um trechinho do livro:
"Contra a morte e o autoritarismo só existe um remédio" ele disse certa vez. "Amor?"sugeri; "Cultura, eu ia dizer", ele respondeu. "Muito mais importante. Qualquer palhaço pode se apaixonar e fazer sexo. Mas escrever uma peça, pintar um Rothko ou descobrir o inconsciente - não são feitos extraordinários da imaginação, única negação do desejo humano de matar?"
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Conheço muita gente interessante que depois de pouco tempo passa a ser desinteressante, porque não consegue parar de falar de si mesma e cai no buraco sem fundo do hedonismo barato. Uma marca do tempo em que vivemos. Temos uma oferta gigante de informação, mas as pessoas não fazem uso delas. Sabem tudo, fazem tudo, estão em todos os lugares, mas não absorvem nenhum conteúdo do que dizem saber ou fazer e dos lugares onde estão. A fissura para pertencer e se sentir incluído é tão grande que elas não conseguem reter nada dentro de suas cabecinhas. Então, falar de si é o que sobra.
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Um trechinho do livro:
"Contra a morte e o autoritarismo só existe um remédio" ele disse certa vez. "Amor?"sugeri; "Cultura, eu ia dizer", ele respondeu. "Muito mais importante. Qualquer palhaço pode se apaixonar e fazer sexo. Mas escrever uma peça, pintar um Rothko ou descobrir o inconsciente - não são feitos extraordinários da imaginação, única negação do desejo humano de matar?"
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