23.3.09

DIAS DE RABANADA

Há dias em que a gente acorda e sabe que teria sido melhor não acordar. Dias em que a gente não se reconhece e é meio zumbi. Cuja consciência despertou no piloto automático. Em que a percepção do mundo real não acontece como nos outros dias. Nesses dias a gente deve fazer somente o que é possível. Mesmo porque o impossível é mesmo impossível de se fazer, só que nesses dias isso fica evidente. Mas quando o dia está assim, com cara e gosto de pão amanhecido, a única alternativa é fazer uma rabanada com ele. Intumescê-lo nas horas líquidas e infindáveis e depois de fritá-lo, comê-lo. A digestão é um outro assunto, outro dia a gente fala dela. Não cabe ao indivíduo que está sofrendo os efeitos desse dia tentar interferir na ordem das coisas. Apenas respire para não sufocar. E espere o dia acabar.

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