Pertinho de casa tem um supermercado onde costumo fazer compras. O estabelecimento não é muito grande e bastante desorganizado em razão do pouco espaço. Mas vale a pena porque os preços são melhores do que em outros mercados de renome. Hoje quando fui fazer compras deparei com uma violinista logo na entrada, com uma caixa de som e um violino elétrico se apresentando no local. Por causa do amplificador, de qualquer ponto era possível se ouvir a música. O repertório era bem eclético, de Elvis Presley a Beatles, passando por Djavan e Roberto Carlos. No corredor de azeites comecei a entristecer, o “Love me tender” invadiu meus ouvidos e detonou uma melancolia penetrante, quando ela emendou um “Yesterday” pensei em sair correndo, me faltou o ar e a tristeza se apossou de vez. Ao invés de dois vidros de azeite peguei apenas um, desisti do vinagre balsâmico, devolvi o vinho tinto, e quase pulei para dentro do carrinho na esperança de que alguém viesse me empurrar e me levasse para fora. Imagino que eles acreditavam que os fregueses ficariam menos tensos e mais dispostos a consumir, no meu caso, provocou exatamente o oposto. Não é uma boa idéia ter uma violinista tocando dentro de um supermercado. Sei que a moça está defendendo um trocado, e por incrível que parece achei que a situação dela é ainda pior que a de muitos escritores mendigos que tem que vender seus livros na baixa augusta, mas a coisa pegou, e deu torcicolo na alma. Melhor não. Talvez um DJ com sons alternativos dançantes, jovens vestidos de coelho da páscoa e bunda de fora, piscinas de bolas de plástico para a gente se jogar, pode tudo, menos violino elétrico.
Um comentário:
É no Hirota? Estou afim de economizar alguns R$!!! Abç
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