10.3.09

REAPRENDENDO A FAZER TROCA TROCA

Encontro muita gente durante o dia. Quase todo mundo quer falar, falar e falar, e contar sobre seus problemas, necessidades, amores mal sucedidos, carências e mais uma lista de queixas. Sou participativo. Dentro do meu limitado poder de bombeiro, tento apagar o fogo, ajudar a pessoa a pular o muro sem se machucar, subo na arvore e pego o gato que não conseguia mais descer, enfim, tento, faço o possível. Não sou psi, nem atra nem ólogo, nem trabalho no cvv, apenas um rapaz atencioso. Mas, o número de pessoas precisando de bombeiros está aumentando espetaculosamente. Tenho medo de perguntar que horas são e o sujeito começar a chorar. Não sei se é um dos efeitos da crise. Não sei. Penso na possibilidade de sair para a rua com óculos escuros espelhados e fones de ouvidos, imitar um desses débeis mentais que costumo ver no metrô ouvindo som de péssima qualidade no máximo volume, pequenas ilhas escarpadas onde não é possível ancorar nenhum tipo de embarcação. Outro dia vi uma charge na página do UOL onde um psiquiatra mandava seu paciente começar a roer suas unhas novamente. Florais de Bach também podem ser uma alternativa, tem alguns que baixam a ansiedade, outros que moderam a angústia. Enfim. Ser humano também serve como paliativo, mas não funciona quando não há troca. Manual: você fala, eu escuto, depois eu falo e é você quem escuta, e um de cada vez. O velho e bom troca troca, nada mais.

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