26.3.09

GRAMA


Não sei se o mesmo acontece com todo mundo, mas acho que rendo mais quando tenho muita coisa para fazer. Quando os dias são mornos e lentos, as horas se arrastam e o trabalho não rende. Penso em um montão de coisas, pessoas, lugares, o que poderia fazer ou não fazer, vou e volto, não saio do lugar e quando o dia terminou percebo que não produzi nada. Uma amiga me disse que isso é bom, que eu não percebo, mas as coisas estão acontecendo lá fora e dentro de mim. Que a gente não percebe, mas a grama cresce mesmo assim. Eu sei. Mas não sou grama e tenho uma cabecinha que fica me maltratando e cobrando resultados. Relaxa, ela diz, pare de pensar e deixa a vida te levar. Justo para mim, que prefiro acreditar que posso conduzir minha vida nas direções que eu quiser escolher. Mas isso não existe, eu também já sei, demorei para aprender mas aprendi. Porque já fui surpreendido inúmeras vezes com situações que não escolhi e que no final se mostraram muito melhores do que as que eu havia escolhido. Surpresas são muitas vezes a cereja do bolo da vida, ou o queijo ralado que faltava na macarronada. Mas o que não gosto mesmo é dos dias sem tempero, aqueles em que você vê clarear e anoitecer, tua sombra deu trezentos e sessenta graus e partiu, e você continuou no mesmo lugar. Então outra amiga me disse que os dias são todos iguais, a gente é que acorda diferente. Pode ser. Pensando bem até acho que tem um q de verdade nisso. Mesmo porque já vi muita gente cinza em dias ensolarados, ou o contrário também. No final penso que é tudo interdependente. Dias e gentes, sol e lua, humor e amor, trabalho e ócio, a gente só tem que entrar no ritmo. Não ser tão resistente as oscilações da natureza.

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