Passei a manhã do sábado visitando sebos no centro da cidade. Um amigo, livreiro de Juiz de Fora, se hospedou em casa e eu o acompanhei. Impressionante a quantidade de pessoas entrando e saindo desses sótãos e porões. Alguns muito bem organizados, já informatizados, outros um amontoado de livros, discos, vídeos e dvds. Mas o que me chamou a atenção é a diversidade de interesses dos freqüentadores. Gente que procura de tudo, gibis específicos, livros de história que tratam de um único período cuja princesa irmã do rei casado com a tia do príncipe avô do imperador, ou ainda um escritor que escreveu sobre o vale da mandioca na serra do tatu voador. Enquanto meu amigo vasculhava as prateleiras, atrás delas eu prestava atenção nas consultas e perguntas que os outros freqüentadores faziam. Há um prazer embutido nessa busca por livros raros que é diferente daquele típico dos consumidores de livros novos. Não é só no conteúdo que o freqüentador de sebos está interessado, mas no próprio objeto. Capa, edição, condição do livro, preço e etc. Na maioria dos sebos os vendedores são muito bem informados, vão até a prateleira e pinçam o livro procurado com precisão, em outros o caos impera, Machado de Assis dialoga com Rui Barbosa, Napoleão com Duque de Caxias e a revista com fotos da Xuxa nua esconde uma pilha de Reader Digest. Alguns têm música ao vivo, outros tocam jazz em suas vitrolas, na maioria só se ouve o arrasta pés dos curiosos. E você não deve sequer pensar em voz alta se se interessar por algum livro, basta alguém perceber e você dançou. Perdi a chance de comprar uma primeira edição de um livro do Drummond assim. Descobri o exemplar na prateleira, retirei, examinei, por alguns minutos refleti se deveria ou não levá-lo, pronto, adeus, um sujeito se aproveitou da minha indecisão e levou o Drummond para casa.
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