22.8.09

ENQUANTO VOCÊ ESTÁ PARADO E OLHANDO

Acordei com vontade de sair, caminhar. Não sei por que, mas a ordem interior era saia já de casa e vá passear. Fui para a região da Paulista, entrei na Cultura, comprei livros, fui almoçar com uma amiga e quando já me preparava para voltar para casa, dei de cara com meu tempo de faculdade. Uma passeata não muito cheia, algumas centenas de pessoas talvez, com cartazes de “Fora Sarney” e slogans “enquanto você está parado olhando, o Sarney está te roubando”. Karl Kraus e Elias Canetti ficariam decepcionados. Muita gente nas calçadas parava para olhar, mas não entrava para somar e participar, eu incluído na turma do muita gente. Estou tão descrente da política praticada no país e naqueles que nos representam que na hora que era preciso entrar para somar mais um naquela passeata fiquei paralisado e ela passou. Ouvi muita gente buzinar e outras que estavam ao meu lado faziam comentários positivos e tal, mas como eu, continuaram a fazer o que estavam fazendo. Acho que a gente se acostumou a ver o congresso como uma bolha, ou uma história fictícia, do gênero big brother. Já não sabemos o que é verdade e o que é mentira, mas não queremos nos envolver. Algo que não tem nada a ver com nossas vidas, a gente só fica assistindo, não interfere, um bando que está lá para ser mal falado, que a gente torce contra, ri, faz piadas. Mas a questão é que o que eles fazem lá tem diretamente a ver com as nossas vidas. Sai um malandro e entra outro que a gente pensa que pode ser melhor, mas ele acaba nos decepcionando, cria outras malandragens, assume uma postura quase idêntica a dos seus antecessores e assim, sucessivamente de decepção em decepção, a descrença se estabelece entre nós. Tomara que esse movimento cresça e se espalhe pelo país. Seria bom ver renascer a crença de que é possível participar como autor nessa obra de ficção, dizer quem fica e quem sai.

Passada a passeata entrei no cinema. Assisti ao filme “Gigante”. Não é um puuuuuuta filme, mas é um bom filme. Fala de possibilidades, do que podemos fazer quando queremos e do que acontece independente da nossa vontade. Um pouco monótono, mas bem feito. Acho que é isso, não me emociona.

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