O homem viveu quase cem anos, morreu há apenas um e deixou um imenso registro fotográfico. Das exposições de fotografia que tenho visto aqui em Paris essa foi uma das que mais me tocou. O nome dele: Willy Ronis. Quatro salas repletas de fotografias expostas no Monnais de Paris, o museu da moeda que fica no quai de Conti nas bordas da rive gauche. O que me fascina em seu trabalho, além do olhar refinado diante do cotidiano, é a capacidade de fazer da observação uma obra de arte. Essa seria minha profissão ideal, passar horas do dia observando e salvando imagens na memória. De alguma forma faço isso como escritor, uma remuneração seria ideal. Ronis era Judeu, filho de pai também fotógrafo e mãe musicista, fotografou para várias revistas como Regards, Vogue, Life e Time Magazine, foi amigo de Capa, Brassaï, Sartre e por último e mais importante, foi um grande contador de histórias. Essa faceta fica evidente em seus registros, fotos que tem esse poder da narrativa. Algumas dessas fotos são tão bem enquadradas que você chega a duvidar da espontaneidade delas. Obras de arte em negativos, mesmo naquelas em que registra greves em fábricas ou trabalhadores em ação, o olhar apurado transparece. Repare nas fotos abaixo, e na primeira em especial na qual um grupo de pessoas observa um quadro no Louvre, ele as fotografou de tal maneira que as incluiu no próprio quadro. Suas posições políticas também ficam explícitas nesses registros silenciosos. Um humanista, comme il faut.
2 comentários:
É idéia minha ou esse cara é um GÊNIO? Hoje ganhei o dia, obrigado!
Um grande abraço............
Leo, obrigado pela visita, bom saber que um pequeno post resultou tamanha satisfaçao.
Forte abraço
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