No coração do Marais tem uma sorveteria que vai me levar à falência. Ela se chama “My Berry” e só faz sorvetes a base de yogurte zero de gordura e zero de açúcar. Explico: você escolhe as frutas frescas e eles as misturam ao yogurte cremosíssimo. Lá eles também fazem na hora o Smooth, que é nada mais que todos esses ingredientes que eu falei passados num mixer e o resultado é uma espécie de milk shake que você não consegue parar de tomar. Por sorte não ficarei (mais) gordo. Meu preferido é um chamado “desir”, que é feito com toda a variedade de frutinhas vermelhas que existem aqui. Para quem quiser conferir, a sorveteria fica na rue Vielle du Temple, 25. Quando chego lá, a mocinha já nem me pergunta mais o que eu quero e nem de que tamanho, nosso diálogo se restringe a um bonjour e em seguida ela já começa a preparar meu desir no tamanho GGG.
Hoje entrou um novo estudante na sala de aula. Um alemãozinho berlinense inacreditavelmente belo. Infelizmente blasé até não poder mais. Um personagem mitológico saído de uma das óperas de Wagner. Atraente, mas complexo, denso e fácil de se desistir de conhecer pelas dificuldades impostas no primeiro contato. Que grande pena quando alguém sabe que é bonito e também se acha bonito. Pena para ele e para os outros. No intervalo veio conversar comigo. Soube que sou brasileiro e blá blá blá. Não é pretensioso, nem sedutor. Se esforça para ser simpático, mas acho que é da sua natureza ser assim meio frapé, nem duro nem mole, nem sorvete nem milk shake. Adora o Brasil e pensa em passar uns tempos nas terras onde tem palmeiras e cantam os sabiás. Quis se informar. Apesar da rigidez e uma certa dificuldade em se comunicar, gostei do moço. Fizemos o caminho de volta para casa juntos. Atravessamos o Jardim de Luxemburgo e ele, como bom alemão romântico, não pôde conter sua admiração pelas flores que decoram os canteiros. Que beleza. Naquele momento o homem do belo rosto sem expressão, mostrou-se humano. Falou de Berlin, da saudade que sente dos lagos onde nessa época, ao contrário de Paris que tem o Sena mas ninguém pode se refrescar nele, pode-se nadar e se refrescar. Conheço esse contato com a natureza dos tempos em que vivi na Áustria. No final da tarde, todo mundo corre para os lagos mais próximos e fica até anoitecer. É de lá que vem Beethoven, Brahms, Goethe, Schieller e todos os outros românticos. Se não se render aos encantos da natureza, não é alemão.
Hoje entrou um novo estudante na sala de aula. Um alemãozinho berlinense inacreditavelmente belo. Infelizmente blasé até não poder mais. Um personagem mitológico saído de uma das óperas de Wagner. Atraente, mas complexo, denso e fácil de se desistir de conhecer pelas dificuldades impostas no primeiro contato. Que grande pena quando alguém sabe que é bonito e também se acha bonito. Pena para ele e para os outros. No intervalo veio conversar comigo. Soube que sou brasileiro e blá blá blá. Não é pretensioso, nem sedutor. Se esforça para ser simpático, mas acho que é da sua natureza ser assim meio frapé, nem duro nem mole, nem sorvete nem milk shake. Adora o Brasil e pensa em passar uns tempos nas terras onde tem palmeiras e cantam os sabiás. Quis se informar. Apesar da rigidez e uma certa dificuldade em se comunicar, gostei do moço. Fizemos o caminho de volta para casa juntos. Atravessamos o Jardim de Luxemburgo e ele, como bom alemão romântico, não pôde conter sua admiração pelas flores que decoram os canteiros. Que beleza. Naquele momento o homem do belo rosto sem expressão, mostrou-se humano. Falou de Berlin, da saudade que sente dos lagos onde nessa época, ao contrário de Paris que tem o Sena mas ninguém pode se refrescar nele, pode-se nadar e se refrescar. Conheço esse contato com a natureza dos tempos em que vivi na Áustria. No final da tarde, todo mundo corre para os lagos mais próximos e fica até anoitecer. É de lá que vem Beethoven, Brahms, Goethe, Schieller e todos os outros românticos. Se não se render aos encantos da natureza, não é alemão.
Um comentário:
Pois é K, a juventude também é bela, belíssima!
+ beijos.
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