7.7.10

JUNKBOX


Num desses sebos, não me lembro agora qual porque há tantos nessa cidade encantada, encontrei um livro de entrevistas com escritores da geração beat. Comecei a folheá-lo e fiquei com uma resposta de Jack Kerouac engasgada na garganta até esse momento em que escrevo este post. Marc Wallace do New York Post o indaga sobre a vida, diz que não o sente feliz apesar de pouco antes tê-lo ouvido afirmar que estamos/vivemos todos no paraíso. Kerouac confirma sua tristeza e responde mais ou menos assim: se eu pudesse me agarrar ao que eu sei... Acertou na mosca, e nesse caso eu sou a pobre mosca, porque durante quase todo o dia perambulei tonto com o peso dessas palavras, refletindo sobre elas. Pergunto-me se posso me agarrar ao que sei. Dar um fim à vida vivida, quero dizer, me agarrar as experiências e praticá-las no dia a dia. Evidente que nem tudo que vivemos tem uma função de aprendizado com objetivos definidos, experimentamos também o prazer pelo prazer, o saber pelo saber, o viver ao Deus dará, não somos máquinas armazenadoras de saber a serviço de alguma coisa. Eu que o diga com seis planetas na casa 5 e em aquário! Sobretudo gostaria de perceber essas experiências nos momentos em que elas se fazem necessárias, agir sem refletir sobre o que ou como lidar com algumas questões que me provocam desconforto. Sei que é possível. Faço esse exercício de vez em quando. Agora pouco enquanto voltava para casa, prometi a mim mesmo que me esforçarei para agrupar minhas experiências e dar um formato a elas. Quero ser a expressão desse formato, corpo, alma,voz. Ou será que de qualquer forma somos o resultado delas e só não conseguimos percebê-las em nós? Porque é freqüente identificar no outro o que ele mesmo não vê em sí. Bem como é freqüente servir de exemplo para um terceiro e ser reconhecido por adjetivos que não conseguimos identificar em nós. Não. Não bebi nada antes de começar a escrever esse post, o dia está lindo, o céu azul e a temperatura ultrapassa os 30 graus. Vesti uma bermuda e uma sandália e vou voltar para rua, agora firmemente disposto a fazer valer esse novo formato.

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