Se quiser passar o dia inteiro sentado num café de Paris lendo os jornais ou um livro, fazendo anotações ou lendo e escrevendo seus e-mails, ou apenas observar o vai e vem dos tipos exóticos você pode. Ninguém vai te encher o saco ou te apressar para liberar a mesa, mas essas horas de prazer podem custar um bocadinho para o teu bolso. Só para se ter uma idéia dos preços:
Café expresso, 2,80 euros.
Café viennois (xícara de café com camada de chantili) 5,50 euros.
Perrier 6,00 euros.
Coca cola, 4,50 euros
Campari orange 5,90 euros.
Chop 3,50 euros.
Morrito: 8,00 euros
Croque monsieur (misto quente servido com uma saladinha composta de folhas de alface e no máximo duas rodelas de tomate) 8 a 10 euros, se pedir um croque madame (meu preferido) ele virá com um ovo frito sobre o misto quente e custará de um a dois euros a mais.
Não tem muito como fugir desses preços, eles podem variar para cima ou para baixo, mas essa é a base. Já a maioria dos restaurantes daqui oferece a famosa “formule” que nada mais é do que um menu composto de entrada, prato principal e sobremesa com preços pré fixados. Normalmente você pode escolher dois dos três pratos sugeridos, como entrada e prato principal, ou entrada e sobremesa, ou ainda deixar a entrada de fora e comer apenas o prato principal e a sobremesa. O preço mínimo dessas “formule” é de 11 euros e não tem limite para cima, depende do local que você escolher, mas na média eles ficam entre 15 e 20 euros e você sai satisfeito. Bebidas não estão incluídas nessas fórmulas.
Paris é uma cidade cara, o valor que você gastaria para suprir sua casa com alimentos e produtos de limpeza por um mês no Brasil aqui serve apenas para suprir as necessidades de uma semana, e mesmo assim, para quem mora e trabalha aqui, almoçar ou jantar em casa sai muito mais barato do que sair para comer fora. Livros, cinema e teatro custam um pouco menos que no Brasil. O preço médio de um livro de bolso é 9 ou 10 euros, os de capa dura ou mais elaboradas são mais caros, mas há uma enorme oferta de livros usados em bom estado de conservação nos sebos por preços irrisórios, como 1 ou 2 euros. Cinema, entre 9 e 12 euros, mas muitas promoções semanais com preços fixos de 3 euros por exemplo. Voilà um igpm superficial para refletir um pouco sobre custo e benefício.
Um fato curioso observado ontem à tarde. Uma moça sentou-se logo ao meu lado, numa mesinha encostada a minha num café próximo ao Beaubourg. Tirou um caderninho e começou a desenhar. Tudo parecia tranqüilo, eu lia meu livro e tomava meu café viennois. De repente ela começou a reclamar da fumaça do cigarro da mocinha que lia o jornal numa mesa próxima a dela. Discutiram rapidinho, a reclamada continuou a fumar e a reclamante mudou para a mesinha a minha direita. Passado o mal estar, voltamos a nossas atividades, eu reiniciei minha leitura e ela recomeçou a desenhar. Alguns minutos se passaram e um rapaz bonitinho mas ordinário começou a se apresentar com seu violão elétrico apenas alguns metros a frente do Café. A desenhista se irritou. Pediu para o garçon falar com o rapaz para ele ir tocar em outro lugar. O garçon se recusou. Disse que não tinha o direito de proibir o moço de cantar suas canções. Ela se levantou e foi falar com o músico amador. Discutiram. Ele continuou no mesmo lugar e ela voltou para a mesa. Recomeçou a desenhar, mas foi por pouco tempo. Minutos depois, reclamou com a moça que falava em voz muito alta no celular. O garçon trouxe o seu café, disse que ela teria que pagar na hora porque ele mudaria de turno e estava fechando o seu caixa. Ela se irritou, se sentiu ofendida e pagou, mas enquanto procurava suas moedinhas na carteira disse em alto e bom tom que ele era um “connard”. Depois disso fechou seu caderno de desenho, pegou sua bolsa e foi embora.
O que eu penso de tudo isso. A moça aparentemente pode parecer louca, mas no fundo todas as suas reclamações foram justas. A fumaça do cigarro estava irritando todos os presentes muito antes da desenhista chegar (duas pessoas já haviam trocado de lugar), o músico cantava mal e ainda por cima usava um amplificador de som que piorava muito sua apresentação e se ele tem o direito de tocar nós também temos o direito de ler ou desenhar sem sermos perturbados por seus gritos, a exibicionista que ria como uma histérica no telefone celular mereceu a bronca, não somos obrigados a ouvir trechos de sua vida íntima, e o garçon, bem..., coitado no fundo ele não tem culpa por ter que fechar seu caixa justo na hora que a moça estava lá, mas o prazer embutido em sua voz ao expressar seu “desolé” foi tão explícito que ele mereceu o insulto.
Ia me esquecendo de dizer que o espetáculo está incluído nos preços.
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