27.12.04

BAIXANDO A PRESSÃO.

Cheguei hoje aqui em São Vicente.
Vejo o mar da janela do meu apartamento.
No final do dia, o pôr do sol foi quase indescritível.
O céu, o mar e as paredes da sala avermelharam.
Meu coração avermelhou. Não, juro que não virei
comunista. Não agora, quase entrando em 2005. Se
fosse há 100 anos atrás, quem sabe, poderia até ser.
Teria tido motivos de sobra para sonhar. Mas agora?
Cem anos depois? Não. A realidade não me permite
tal luxo. Ideologia é excentricidade. Não sou
excêntrico, no máximo permito-me ser teimoso.
Acredito na diferença e no poder que cada um de nós
pode exercer sobre a coletividade. Sim, sim, as chances
devem ser iguais para todos. Mas agora chega!
Não queria falar sobre isso. Queria dizer que minha
pressão sanguínea caiu. É sempre assim quando desço
a serra. Demora um pouco para eu me acostumar.
Ouço Chet Baker enquanto escrevo. Ele combina
com tudo isso aqui. A brisa morna, minha pressão
baixa, o som das ondas quebrando lá embaixo.
Amanhã tentarei acordar cedo para caminhar.
Prometi a mim mesmo não contar os meus passos.

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