9.12.04

MÍNIMOS, POUCOS, QUASE NADA.






Com o jogo de quebra-cabeça quase pronto,
e restando poucas peças para a conclusão da imagem,
ele de repente parou. Olhou para as pecinhas dispostas
lado a lado sobre a mesa e por milésimos de segundos

quase embaralhou todas novamente.
Durante o esforço para reproduzir a foto estampada na caixa,
não apenas a imagem foi se revelando
pouco a pouco diante de seus olhos,

como também um único pensamento: a certeza que
em sua vida foram poucos os momentos de plena felicidade.
Observou a figura incompleta por um longo tempo.

Restavam apenas mais alguns pedacinhos para completá-la.
Encaixou então peça por peça com um prazer
quase infantil. Segundos depois, ao ver a imagem pronta

sobre a mesa, soltou todo o ar represado dentro do peito.
Pronto. Mais um momento de plena felicidade.
O que era a vida afinal? Senão satisfazer-se desses
ínfimos momentos e esperar pacientemente

pela benção de mais outros ínfimos momentos?

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