9.12.04

TAGEBUCH OU UM PEQUENO MOMENTO DE LUCIDEZ.

Não foi propriamente um susto, ou espanto, mas sim
algo parecido com o que os entendidos no assunto
chamariam de "insight". Foi rápido, e também indolor.
Atravessava a Av Paulista, debaixo de chuva, e meus
pensamentos estavam muito além daquele espaço físico.
Alcancei a calçada e não percebi a poça d'agua.
Puf! atolei os pés, primeiro um, depois o outro.
Com a cabeça e os pés molhados, os pensamentos afloraram.
E isso nem sempre é bom no meu caso. Mas dessa vez foi.
Fui tomado por uma sensação de alegria sobrenatural.
Talvez a quantidade incontável de pedestres que caminhavam
em todas as direções ajudaram a criar essa lufada de energia.
Talvez os dois extremos do meu corpo ao contatar a agua
injetaram alguma substância química dentro da minha cabeça.
Não sei a razão. E o melhor, naquele momento eu também não
quis saber, simplesmente deixei-me ser alegre. Assim, gratuitamente,
como aquelas centenas e milhares de transeuntes que passavam
por mim conversando ou rindo. E foi bom demais. Pude vê-los
crescer (os meus pensamentos). E a chuva que continuava a cair
sobre minha cabeça os alimentou. E eles floriram. Lindos.
Verdes, amarelos, azuis e vermelhos, enorme botões de
flôres que abriam incansavelmente para mim. Um jardim
enorme dentro da minha cabeça. E eu os aceitei.
Sim, eu disse, "cresçam! cresçam a vontade, e me preencham
o coração!"

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