Terminar de ler um bom livro é muito diferente de apenas terminar de ler um livro. É parecido com quando você sai da sala de cinema onde passou aproximadamente duas horas se emocionando com o filme que estava assistindo, e carrega dentro da alma a emoção até sua casa. Quando você acaba de ler a última página, o coração entristece um pouco, porque já começa a sentir saudades de todos aqueles personagens que te ensinaram a ver as coisas de um outro jeito, te emocionaram e fizeram você refletir sobre sua própria vida. A convivência com eles é por vezes muito mais real do que a que temos com pessoas com quem convivemos na vida real. Saber que chegou a hora de me separar daqueles personagens e de suas vidas, é difícil. Um pouco como uma ressaca boa, se é que ela existe. Foi assim que me senti quando fechei o livro da Siri Hustvedt ontem de manhã. “O que eu amava” demorou para fazer parte do meu dia a dia, mas depois que entrou me chamava toda hora para ele. Parecia me dizer, olha para mim, olha para mim, leia em minhas páginas o que eu tenho para te dizer, tenho mais para te dizer, vem para mim. Gosto dos livros que me levam a pensar sobre mim, que não contam apenas histórias, mas que me convidam a participar e fazer parte das vidas de seus personagens. Quem sou, por que sou, também sou, o que posso fazer, o que não posso, também penso assim, sinto muito, choro, dou risada. Fecho a última página e me sinto um pouco mais completo, mais preenchido depois de ter convivido com ele.
Hoje tem uma crônica muito bem escrita do sociólogo e agora colunista José de Souza Martins na última página do caderno Cidade/Metrópolis do Estadão. Compartilho do seu ponto de vista sobre os modos de como o cidadão paulistano aprende a ver sua cidade. Ele as dividiu em quatro: os pedestres, os que trafegam de ônibus, metrô ou trem, os que circulam de automóvel, e por último os que sobrevoam a cidade com seus helicópteros. As descrições estão no artigo, não vou reproduzi-las aqui, mas se puderem dar uma lida, é curta, objetiva e inteligente.
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