22.11.08

A PALAVRA DE CADA UM


Fui assistir ao debate/encontro dos escritores Menalton Braff e Murilo Carvalho intermediado pela Ivana Arruda Leite ontem no SESC Pinheiros. O debate fez parte da Balada Literária, evento criado por Marcelino Freire que termina hoje. Gostei de ter ido. Assim como em qualquer outro evento que reúne pessoas com os mesmos objetivos, a diversidade de interesses e os diferentes pontos de vista do público leitor expõem as múltiplas cores do universo literário. Os dois falaram sobre suas vidas, como e porque escreveram seus livros, seus prêmios, e etc... Quando o público presente pôde participar, a discussão desviou para a falta de políticas públicas necessárias para a formação de novos leitores. Aí a coisa emperrou. Mesmo que positivamente, porque iniciou-se uma boa discussão. Porque apesar de todos ali presentes serem pessoas bem intencionadas, a falta de objetividade e o excesso de opiniões pessoais interferiu negativamente na discussão. A discussão é necessária, e todos devem opinar. Mas em alguns a necessidade de citar outros escritores que eles consideram ruins ou “menores” para ilustrar o que pensam é muito forte. Paulo Coelho e Jô Soares são os campeões das chicotadas. Eu acho isso desnecessário. Não há razão para se denegrir a obra de um ou outro escritor em público. O gosto do leitor é subjetivo, depende da formação educacional e cultural de cada um. Aquilo que me agrada pode não agradar a outros, mas nem por isso é melhor do que o escritor escolhido pelo outro. Não posso querer impor meu padrão de qualidade. Assim como qualquer tipo de discussão que vai pelo caminho de que é melhor se ler autores nacionais do que os de qualquer outro país me irrita. Isso é mais antigo que acreditar que os Homens são todos iguais. Não somos, e é exatamente essa diversidade que nos faz interessantes. Acredito que entre outras funções (odeio ter que usar a palavra função quando falo de literatura, mas aqui ela é necessária), a literatura ajuda a ampliar os horizontes, a divulgar as diferenças culturais, a variedade de sentimentos que todos os homens sentem independente de raça, cor e de sua posição política. Mas acredito que esses encontros são bons exatamente por isso, porque nos fazem pensar, discutir, notar as diferenças que existem entre pessoas com o mesmo objetivo. Ivana se saiu bem como intermediadora, simples, deixou fluir a conversa e terminou na hora certa, isto é, antes que os ânimos se exaltassem demais.

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