Muitas nuvens, mas mesmo assim há leveza no ar. A cidade está calma, menos automóveis circulando e muito menos gente nas ruas. Ontem, no primeiro dia depois do nascimento de Jesus, senti vontade de matar um sujeito que estacionou seu carro numa pequena rua sem saída localizada atrás do meu prédio, e que resolveu ligar o seu som em volume altíssimo. As enormes e potentes caixas de som devem ter sido um presente de natal e ele resolveu compartilhar seus axés e outras músicas de gosto duvidoso com todo o bairro. Fica difícil manter o espírito natalino nessas horas. Moro no 15º andar. O som sobe e se torna invasivo. Depois do primeiro ovo que recebeu sobre sua linda capota brilhante, ele percebeu que nem todo mundo estava a fim de compartilhar de seus gostos. Com esse tipo de gente o diálogo não funciona, mas por incrível que pareça eles entendem a linguagem do ovo. As coisas são mais simples do que a gente imagina. Acho que um tomate também teria funcionado. Qualquer coisa orgânica, menos a palavra. A palavra não exerce influência nesses casos extremos. Ele soltou uns palavrões. Devem ter servido para ele extravasar sua raiva. Tudo bem. Sou um cara compreensível, entendo sua revolta.
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