27.12.09

O LADO PERFEITO DAS IMPERFEIÇÕES

Para não cair no buraco vazio das horas eu me esforço para preenchê-las com arte. Não há outra receita para apaziguar minha alma ansiosa e inquieta, pelo menos é a única até o momento que consegue preencher meus vazios e serve para diminuir o sofrimento. Não cura, mas orienta e proporciona satisfação. Por isso nesses dias que dobram de tamanho e parecem intermináveis vou ao cinema. Fui ver “A vida íntima de Pippa Lee”. Vou tentar resumir minhas impressões da seguinte maneira: o filme não é ruim, mas também não é dos melhores, porém deve necessariamente ser visto. Gosto do tema proposto, da maneira como se conta a história, mas há uma superficialidade irritante que permeia todo o filme e provoca desconfiança quanto a qualidade da obra. Há várias pitadas de humor no meio do drama proposto, e eu sou favorável a esse recurso, não é isso que diminui a dramaticidade do filme, meu desgosto vem do não aprofundamento de suas propostas e dramas. Os acontecimentos parecem estar ali gratuitamente, mesmo que eles encontrem explicações com base pseudo psicológicas. Essa mania americana de analisar desvios de comportamento do ser humano apenas raciocinando suas causas e efeitos, reduz o homem a um ser banal e previsível. Como se fosse possível prever comportamentos e reações de cada ser humano apenas analisando os acontecimentos de seu passado. Lógico que analisando o passado podemos responder muitas perguntas, mas somos mais complexos, menos previsíveis e matemáticos, e muitas vezes incapazes de lidar com nossas emoções, mesmo quando conseguimos rastreá-la. No geral o filme tem pontos positivos, a atuação de Alan Arkin, Monica Belucci por exemplo, é de tirar o chapéu, e a aparição de Julianne Moore fazendo uma pequena ponta como a amiga lésbica da tia da Pippa é de prender a respiração.

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