18.12.09

LÓKI

Restam alguns dias para o final de ano, mas para mim a sensação é de que ele já ficou para trás. Sinto-me como se tivesse entrado num tempo a parte, um território extra, no limbo, ou purgatório. Um lugar/tempo entre o ano que já passou e o que vai iniciar. Faço reflexões do que foi e do que será. Mas nada de balanços, pelo amor de Deus, sem planos, metas, ou qualquer outra palavra vinda do mundo corporativo empresarial e adaptada para a vida privada. Não vou perder o meu tempo com projeções como se tivesse um power point dentro da minha cabeça. Se existe um tipo de paz que carrega em si a ansiedade, é isso que estou sentindo, uma paz ansiosa.

Ontem assisti na tv ao filme Lóki, que conta a história dos Mutantes e do Arnaldo Batista. Posso sem querer estar sofrendo os efeitos colaterais do sentimentalismo que domina a maioria das pessoas nos dias que antecedem o natal, mas em muitos trechos do filme eu me emocionei. Acho que o que mais me pegou foi a intensidade de sentimentos do Arnaldo revelada no filme. Uma intensidade profunda, sem filtros, não artificial e traduzida em música. Não há diferença entre sua vida e obra. Por incrível que pareça me lembrei de Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu. São todos muito parecidos. O que me fez acreditar nessa semelhança, foi a intensidade dos sentimentos, o mergulho profundo dentro da alma. Neles não há divisões, não há biombos entre o consciente e o inconsciente ou entre suas obras e suas vidas. Estou Lóki? Não sei, mas juro que é melhor não ser o normal.

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