Nos últimos dias tenho casualmente encontrado muita gente conhecida. Algumas eu não via há muito tempo por motivos alheios a minha vontade, outras vejo com mais freqüência mesmo contra a minha vontade. Noto em todos uma emoção transbordante e pouco natural. Pergunto-me se não sou eu que nesses dias que antecedem a grande histeria da celebração do natal, que fico mais crítico e presto mais atenção em tudo. Mas é muito estranho não ver alguém durante anos e de repente ser abraçado por um tamanduá com os olhos cheios de lágrimas. Assim como também é estranho ver a emoção aflorar nas pessoas com as quais você convive por obrigação ou força do destino e não tem a menor intimidade e nem tem vontade de ter. Não acho que elas finjam. Acho que esses dias que antecedem as festas são tocados por um ar de histeria em massa. Há um exército de imagens e mensagens que induzem as pessoas a isso. Sinto os abraços mais fortes do que de costume e os beijos mais úmidos melecando minhas bochechas. Em alguns momentos sinto a nuvem me envolver. Mas sinceramente, se normalmente não dá para engolir a hipocrisia individual, a em massa então fica insuportável. Prefiro aqueles caras que ficam na rua vendendo abraços em dias normais a essa turba de histéricos emocionados com seus quinze minutos de sentimentos altruístas. Aliás, de altruístas acho que eles não tem nada, porque na verdade estão só pensando em satisfazer suas próprias necessidades. Sorte que tudo isso dura somente alguns poucos dias, e são regados a vinho e boa comida.
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