No “Le Monde” de domingo uma entrevista de duas páginas com o ministro do interior francês Brice Hortefeux, que trabalha na lavanderia do governo Sarkozy e cuida da roupa suja e outros affaires que nenhum outro político quer fazer. O homem é agressivo, ataca para não ter que se defender e fala exatamente no mesmo tom de seu chefe. Na entrevista ele diz, por exemplo, que não está interessado na opinião de intelectuais do Boulevard Saint German, que segundo ele são ricos e defendem suas idéias de esquerda protegidos pelas paredes de seus imóveis luxuosos. Ele se refere às críticas recebidas por causa da política de imigração/integração que estão sendo colocadas em prática pelo governo. Essa política conservadora esta provocando uma cisão no próprio governo. Dessa forma Hortefeux atrai as atenções para si, aliviando o peso das costas de seu chefe. Hortefeux manipula bem as palavras, desvia com esmero das perguntas do jornalista contra atacando com respostas ágeis, porém pouco convincentes. O governo Sarkozy já está pensando nas eleições de 2012, quer recuperar os votos que perdeu para a filha de Le Pen. Hoje o jornal “Liberation” informou logo na primeira página que 54% dos franceses querem a alternância do governo, isto é, que a esquerda vença as próximas eleições e ainda que Dominique Strauss-Kahn, hoje diretor do FMI, seria o preferido dos eleitores. Mas eu me pergunto se Strauss-Kahn pode ser considerado um homem de esquerda. O que é um homem de esquerda hoje? Os de direita defendem com convicção seus argumentos conservadores e muitas vezes reacionários sem nenhum constrangimento, enquanto que os políticos de esquerda se apresentam publicamente quase se desculpando por suas convicções. Talvez esteja aí o problema, não se atrever a expor seus ideais por imaginar que eles estejam ultrapassados, que ninguém mais quer ouvir falar em direitos humanos, em moral e ética e nem em política social. Com isso não quero dizer que a esquerda detém o monopólio dos ideais nobres ou que esteja acima do bem e do mal, mas que ela é envolvida e empacotada pelo discurso da direita quando ao invés de fazer propostas e apresentar projetos prefere responder aos ataques ou se limitar a criticar os governos.
Ia me esquecendo de dizer que no mesmo “Le Monde” havia ainda uma nota informando que mais de 24% da população norte americana acredita que Barack Obama é muçulmano.
Sobre Dilma ou Serra ou eleições no Brasil, nada nos jornais. Ainda. Mas tenho certeza que se as urnas confirmarem os resultados das últimas pesquisas, os créditos irão para o Lula, que é admirado por quase a totalidade dos franceses que conheço. E Serra como representante da uma parte da oposição comete os mesmos erros que citei acima. Não que eu o veja como homem de esquerda, mas sua campanha se limita a criticar o governo Lula, ou apelar para a vida pessoal de Dilma. Eu que acompanho pela internet as eleições no Brasil, não conheço suas propostas, ou o que ele faria de diferente se ganhasse as eleições. Em tempo, já afirmei aqui que não votarei nem em Dilma, nem em Serra, nem em Marina. Vou anular o meu voto. Não vou votar no menos pior, nem forçar segundo turno, nem qualquer outra coisa parecida. Só voltarei a dar o meu voto para um candidato quando acreditar que ele reúne algumas qualidades que aprecio ou que defenda políticas que eu acredito.
Um comentário:
Lembra do Netinho pagodeiro? Primeiro lugar nas pesquisas para o Senado em Sampa.
Sem mais, só saudades de ti.
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